Depois de José Mattoso e António José Saraiva, nenhum historiador se havia
proposto condensar os dez séculos da História de Portugal. Sem que grandes
desenvolvimentos históricos tenham acontecido entretanto, os três historiadores
que assinam este novo livro fazem-no com um propósito primordial: o de, cortando
nos pormenores, fornecer aos portugueses (agora já não uma elite de estudiosos,
mas quaisquer cidadãos) uma narrativa acessível e fluida.
Sendo esta uma compilação de toda a História de Portugal, é manifesto o
preenchimento cuidadoso das suas 956 páginas. Assim, não deve causar espanto
o facto de a vigência de alguns reis – os mais fugazes ou simplesmente os mais
insignificantes – ser modestamente descrita, em contraste com um maior detalhe
nas exposições sobre, por exemplo, D. Afonso Henriques (poderá ser
argumentado que, apesar de tudo, insuficiente), o Marquês de Pombal, Fontes
Pereira de Melo, a 1ª República, Salazar ou o PREC.
Nenhum dos autores mancha a qualidade (boa) geral do livro, mas é irresistível a
sensação de que a «caneta» pesa mais a uns do que a outros. O que será, também,
motivado pela divisão temática: Bernardo Vasconcelos e Sousa escreve sobre a
Idade Média (séculos XI a XV), Nuno Gonçalo Monteiro trata a modernidade
(dali até ao século XVIII) e Rui Ramos ocupa-se do Portugal contemporâneo.
A tarefa primordial terá sido cumprida com mérito: não mais teremos de visitar a
gigantesca enciclopédia do Círculo de Leitores, redigida por Saraiva, para conhecer
o essencial da História portuguesa. Melhor: para a conhecer num registo
descomprometido, neutro, completamente alheio a moralismos. Também por isso a
História de Portugal merece poiso nas nossas bibliotecas pessoais.
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